Holofote di vino

Livrar-se da sedução da razão, ser livre para pensar o que se pensa e falar o que se fala como um ébrio encantado. Desdenhar da decência e da moral num gozo de desobediência da ordem dos outros e de nós mesmos. Que experiência orgiástica! Fundir-se com os deuses e com a natureza nessa experiência delirante é adentrar o reino de Dionísio. E nesse reino, o rei é o vinho, cuja história de transgressão nasce antes mesmo da escrita. Daí, talvez, o destino… ou a história terem reservado a Dionísio um papel principal no palco da tragédia. Mas, as histórias envelhecem e azedam ou, quiçá, ficam cada vez melhores e, assim, também o vinho. O poder de Dionísio, hoje a ciência nos conta, não é sobre-humano, ao contrário! A embriaguez delirante se deve ao acúmulo de “estranhas” moléculas de álcool no sangue. Da uva ao vinho, do vinho ao álcool, da tragédia grega à ciência, quantas histórias! E nós aqui, surpreendendo-nos com elas diante da ilusão de um estrelado céu magenta encerrado num barril de um vinho envelhecido por anos e, quiçá, “estragando-se” em suave vinagre azedo (…)

📝 Texto de: 👩‍🎓 Mariana Mota Martins (UFABC).
📎 Colaboração de: 👩‍🔬 Maria Beatriz Fagundes (Cientista).

[FOTO] CAETANO, L. G. HOLOFOTE DI VINO. 2022. 1 FOTOGRAFIA. 3000 X 2000 PIXELS.