Cianotipia vem do grego: Kyanos(azul) + Typos(representação) e significa representar em azul.
A cianotipia é uma ferramenta científica e artística que tem na essência a química das reações de oxirredução. Os sais de ferro ao reagirem com a luz oxidam, e por consequência, alteram sua cor, a mistura antes amarelada acaba ganhando tons azulados. A tonalidade varia de acordo com a intensidade de luz, tempo de exposição e concentração de mistura.
Atrás dessa química complicada, está um conceito simples: luz e sombra. Ao colocar um objeto frente a uma fonte luminosa, nós criamos sombras. Em essência é isso que a cianotipia faz. Ela registra(ou fotografa) a “sombra” do objeto, pois a sombra do objeto impede que a luz reaja com o papel embebido na mistura de sais de ferro. É um processo complexo que deriva de um conceito aparentemente simples, e isso é bonito. Mais do que bonito, isso é poderoso.
A cianotipia precedeu a fotografia no que diz respeito a representações precisas em estudos científicos. E até hoje é usada como uma ferramenta científica. Porém assim como a fotografia, ela tambem abre espaço para subjetividade.
É possível olhar para um cianotipo e ver não apenas plantas, mas planetas, constelações, o próprio cosmos… essa é a magia da cianotipia enquanto linguagem visual. Ao representar uma realidade, ela cria muitas outras.
📝 Texto de: Yuri Silva(UFABC)
[DISSERTAÇÃO] REIS, Victoria Lopes. Cianotipia : do pesquisador-artista ao artista-pesquisador. Orientador: Prof. Dr. Sérgio Mauro Romagnolo. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Artes Visuais) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Instituto de Artes. São Paulo, 2023.
[imagem] SILVA, Y. REALIDADE EM AZUL. 2024.